domingo, 19 de julho de 2009
Chou de bola
Certo dia conheci um músico argentino que toca no Farfalla Tango, que também é cozinheiro e que me disse estar abrindo (ajudando a abrir?) um restaurante com a namorada, num sobrado em Pinheiros. No meio da conversa ele também me falou que tinha trabalhado com a chef do Arturito (ver post sobre este restaurante). Na época fiz uma confusão, e no post sobre o Arturito disse que a chef era namorada dele. Ainda, toda feliz, mandei o link do post para ele, que me respondeu com um subject assim: "Nooooooooo!". Arrumei o texto na hora, e graças a Deus ninguém viu.
Mas na época ele me disse que a proposta do lugar ia ser "tudo na grelha", e que ele se encarregaria do pão. Fiquei curiosa. Atualmente, nem sei se ele ainda namora a dona, faz o pão ou mora em São Paulo, porque o tempo se passou e vi que a banda dele está em turnê na europa com seu "tango assassino" (muito bom!). Em todo caso, resolvi descobrir onde e do que se trata o tal restaurante, do qual só me lembrava o nome: Chou (xú).
Um dia entrei no site e decorei o endereço... Mateus Grou, alguma coisa. Mais tarde no carro, tive certeza de que era na Capote Valente. Conclui que estava fechado e que por isso eu não o tinha achado. Num outro dia, tive certeza de que era na Virgilio, rodei de cima a baixo. Nada. Na terceira tentativa, fiz um google maps do carro e achei.
A primeira sala em que a gente entra é bastante branca, um pouco formal, mais pro "chique clean". Logo pensei que talvez não fosse o que eu esperava (uma coisa rústica que ficou na minha cabeça por conta do "tudo na grelha"). Mas a iluminação é muito agradável e estava tocando uma música antiga do Caetano que eu adoro: "Da menor importância". Avançando pelo salão chega-se num pátio onde reinam as majestosas grelhas. Ai a coisa fica muito interessante. Grelhas com canaletas inclinadas à moda argentina, muito carvão em brasa, churrasqueiros atarefados, pães bonitos num balcão, um belo presunto espanhol e o acesso ao jardim, que é a verdadeira pérola do lugar.
No ambiente do jardim, com lampadinhas cruzando em zig zag tipo festinha do interior, árvores, e luz mais baixa ainda, perde-se toda a formalidade decorativa e se sente o aconchego proporcionado pelos braseiros que aquecem o ambiente e pelos aromas da grelha. De cara pedi um Thai Cooler (igual ao Mai Thai do Obá, só que sem rum). É uma bebida feita de lichia, água de coco e hortelã. Bem boa. E veio o Couvert. Pão excelente com azeite excelente e farofinha de castanhas excelente.
No cardápio, muitas coisas da grelha. Como já fui 3 vezes posso descrever algumas delas. As porções são pequenas (por isso provei tantas), e custam em média R$15. Olha só:
Abóbora cabotchan grelhada com coentro e algo que parecia sour cream. Muito gostosa, embora eu gostaria mais se fosse servida quente.
Cogumelos portobello. Um espetáculo, cobertos de parmesão e com molho de... castanhas? Coberto também de farofa de casca de pão. O cogumelo vem muito quente e quando a gente morde explode com seus líquidos defumados, salgados e perfumados. Excelente!
Quiabos tostados no óleo de gergelim. Muito bom. Assim, oleoso, mas muito bom.
Beterrabas orgânicas. Ótimas. Mas, assim como a abóbora, deviam vir quentes.
Mandioca grelhada. Incrível! Eles fazem um purê, que depois é amassado formando uma placa que vai na grelha. Vem na manteiga com orégano fresco e sal grosso. Maravilhoso!
Salada quente de trigo. Muito gostosa. Minha nutricionista ia ficar orgulhosa se me visse pedindo.
Além dessas, provei o peixe grelhado (pescada amarela, com crosta crocante e suculenta por dentro) e picanha de cordeiro (uma coisa!, macia, saborosa, no ponto certo).
Não preciso nem dizer o quanto gostei das idéias deste restaurante. São muito creativas e leves. Tem muitos perfumes e os ingredientes me pareceram da melhor qualidade. O atendimento é bom, sem muita frescura. Só teve uma coisa que me incomodou. Minha amiga pediu para esquentar o pão do couvert na grelha e a garçonete disse que isso não era possível. Como assim? Se meu cliente quer o pão quentinho, eu dou a ele pão quentinho. Eu discordo desse tipo de miguelagem. Concordam?
E como de costume, tenho vontade de ter uma placa para levar nos restaurantes, dizendo "favor não encher meu copo/taça, eu mesma faço" e também "preciso de um tempo entre a refeição e a sobremesa, para ao menos terminar meu vinho". Mas isso é comum a todos os lugares do mundo (exceto raras exceções), e talvez não gostar dessa "atenção" seja uma particularidade minha.
Os preços são os habituais nos restaurantes chiquinhos de SP. O couvert poderia custar metade. As entradas são pequenas mas os preços também. Os pratos principais (não provei nenhum) já ficam por volta de R$40. Tem boa variedade de vinhos a bons preços.
Confiram, vale muito a pena!
MK, frio de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
15 comentários:
Informação da menor importância: o nome da música é "da maior importância".
bjssssssssssss.
Eu mordo aquilo que posso.
Bacalhau na grelha com salada de feijão.
O polvo unido não vai morrer cozido. Vai morrer grelhado.
Gostei da reportagem e de sua saga para encontrar o local.
Logo q puder, vou conferir.
Por ora, gostaria de pedir uma dica: qual restaurante vc recomenda em Londres?
Vc tem algum post sobre Londres?
PS.: sou vegetariana.
Bjs!
Puts, Clarice.... Comer bem em Londres é todo um desafio. Eu não consegui, talvez porque na primeira vez que fui não tinha muito dinheiro e na segunda fiquei só por uma noite, na qual comi uma perna de carneiro à moda grega, que agora lembrando estava muito boa. Mas você sendo vegetariana, não se aplica...
O Wagamama em Londres não é vegetariano, mas tem ótimos pratos vegetarianos. A filial do Hiltl que é vegetariano também é bem legal. O Sagar também tem boa comida vegetariana. Bons temperos que tiram aquela falta de sabor dos pratos vegetarianos. Restaurante vegetariano em Londres é fácil de encontrar. Boa comida em Londres também é fácil de encontrar.
Quem sabe, sabe. Né gente?
Pena que eu não tinha essas dicas.
Londres é meio isso, né? Depende de conhecer os caminhos.
Um dia vou contar aqui no blog, sobre o Chicken Kiev que comi num Pub, que foi a coisa mais bizarra, explosão de manteiga de ervas que quase rendeu queimaduras de terceiro grau!
O mais curioso é que Chicken Kiev não foi criado na Ucrânia, foi criado na França. Chamava Chicken Supreme, imigrantes ucranianos donos de restauranes na Nova York do século XIX é que passaram a chamar de Chicken Kiev. E o melhor Chicken Kiev é mesmo francês, que agora chama Chicken Cordon Bleu lá.
Wow, erudição!
Quem é você, anônimo?
Fiz a minha lição de casa.
O Wagamma é uma rede e serve comida japonesa. Achei um em Bloomsbury e é nesse q eu vou (fica perto da casa q viveu Virgínia Woolf, um dos meus destinos).
Vou fugir dos Indianos, para não sofrer queimaduras!
Agora, mais não posso, pois estou me restabelecendo da minha primeira experiência com labirintite. Parece q cruzo o Atlântico em um navio pirata!
Haja enjoo!
Tks pela atenção.
Aguardo seu post, MK.
Vcs conhecem o "Pie in the Sky", na Cayowwá, 1.050?
O casal trabalhou em pubs na Irlanda e Inglaterra.
Gosto das pies do Richard, bem condimentadas que combinam com as cervejas mais encorpadas q ele vende. Bom pra almoço nesses dias frios.
Bjs!
Oi Clarice! Acho que você vai se dar bem em Londres, hein?
Adorei a dica do Pie in the Sky! Não sei por que não consigo publicar esse seu posto, um bug do blogspot...
Mas eu vou lá conferir, com certeza!!!
Eu sou vegetariana e meu namorado me levou uma vez para comer num wagamama em Londres. Foi no início de julho, comi sopa yasai itame que mistura vegetais com tofu e temperos. Veio acompanhando feijão verde com molho de alho e um suco de cenoura. Tava gostoso. O Bloomsbury não conheço.
O único Bloomsbury que conheço em Londres é uma rede como o Wagamama. Além do Wagamama e do Sagar que ia muito, tem o Riverside Vegetariana e o Amitas onde já comi muito e tem o Carnevale que comi uma vez e foi bom. Fome em Londres nem sem dinheiro, é só ir comer de graça com os without roofs na Charitykind.
Postar um comentário