quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Imagens de Belo Horizonte!

Após um breve problema técnico chamado preguiça, imagens das delicias que experimentei em Belo Horizonte. Como o problema técnico não foi completamente resolvido, as fotos estão fora de ordem. Sinceras desculpas.


Fogão a lenha do Xapuri.



Pudim espetacular. As aparências não enganam. Muito fresco e delicioso.



Meu (segundo) prato. Entre o quiabo e o arroz-com-feijão, um maravilhoso purê de banana. Ainda vou pegar a receita.




Depois dessa linguiça, recuperei a fé.



Bolinho muito sequinho. A entrada perfeita.



O meu pedido no Amigo do Rei. No potinho ao lado, uma conserva muito diferente.



Pepino recheado.



Em breve, um novo post: "Comida de camarim". Ainda estou tentando digerir, por isso não comecei a escrever.

MK direto de Campinas.






domingo, 26 de outubro de 2008

Promessas de felicidade.






Eu gosto especialmente da moldura de montanhas que a cidade tem.



A minha ultima viagem para Belo Horizonte foi marcada por promessas de felicidade, em forma de música, amizade e comida. Para começar, é uma cidade que eu gosto. Me sinto a vontade. Tenho novos e velhos amigos (mais dos novos). Não sei explicar, acho que tem uma atmosfera boa. É um desses lugares em que eu penso "poderia morar aqui", assim como em Buenos Aires, Berlim ou Curitiba. E não como no Rio de Janeiro ou Paris, onde só moraria se ganhasse por isso, e muito bem. Ou então se algo muito interessante ou muito cármico me levasse pra lá.

Voltando a BH, foram dias corridos, mas consegui encaixar algumas refeições bem interessantes. Tudo começou em pequeno estilo, no Rei do Espetinho da Rua Cristina, ou algo assim. Boteco, botecão mesmo. Mesa de plástico amarelo desbotado. Espetinho de milho e de alcatra. Quantidades colossais de manteiga no primeiro, procedência duvidosa do segundo. Em todo caso, o sabor estava bom. E eu estava com tanta fome! Para acompanhar cerveja Original, cachaça Seleta e muita, muita, muita água mineral. Isso fazendo uma horinha enquanto nossa amiga terminava seu ensaio.




Guarda do corpo do Rei.


No segundo dia já acordei pensando nisso. Um restaurante iraniano, como será? Que gosto terá? Há meses eu queria ir no Amigo do Rei, de tanto ouvir uma amiga falar. Mas havia problemas: o restaurante fecha cedo e nós tinhamos um show que talvez não acabasse a tempo. Mas isso não é um problema quando se tem uma amiga que é amiga do amigo do rei. Conseguimos uma mesona e o restaurante só pra gente.

O Amigo do Rei fica numa casa térrea, tem decoração simples, paredes brancas, imagens do Irã, som de tambores misteriosos e um cheiro indefinível. A iluminação é baixa e confortavel. O atendimento eficiente e sem frescuras. Para explicar um pouco mais sobre o país e sua culinaria, os proprietários elaboraram uma cartilha muito útil, que derruba mitos e desfaz preconceitos. Eu li inteira e fiquei ainda mais curiosa com o sabor da comida. Acontece que eu, como todos, e como a cartilha sabia, achava que ia comer algo parecido com comida árabe. Não que seja algo radicalmente diferente, há pontos em comum, nos temperos e mesmo nos produtos utilizados, mas os pratos do Irã tem uma essência singular, não há dúvidas.



Fessenjouhn



Por exemplo, para começar, uma bebida muito refrescante e diferente. Parecia feita de água com gás?, limão? algum xarope exótico? Segredo. Além disso tinha pedacinhos de pepino boiando. Muito gostoso e ótimo como aperitivo. Como entrada, pepino recheado, adoro pepino, adorei. Os pratos principais tinham nomes interessantes, como o FESSENJOUHN, "esferas de carne de primeira envolvidas em molho de romã e nozes". A minha vizinha pediu este prato e eu adorei, um pouco adocicado, totalmente fora do comum. Eu pedi cubos de filé mignon com arroz, não lembro o nome do prato, mas estava muito bom também. Na verdade aconteceu "aquilo" comigo. Aquilo é quando gosto do prato dos outros mais do que do meu. Gostei mesmo foi do cordeiro servido em forma de pasta com um pão folha muito muito fininho. Simplesmente delicioso. Eu devia ter levado um para viagem.

Tudo cozinhado pela Cadbanou (ou: mulher dotada de excelente desempenho em culinária), Dona Nasrin. Simpática e muito rápida! Como conseguiu servir 12 pessoas ao mesmo tempo, estando sozinha na cozinha? Parece impossível! Bom, além de cozinheira é amante da poesia e trabalha como intérprete quando esses diretores de cinema iranianos que a gente gosta vem pro Brasil.



Xapuri.



No dia seguinte, outro dia muito quente, depois de um banho de cachoeira revigorante no Clube Campestre (a 20 minutos de casa!), encarar a segunda empreitada gastronômica, para a qual me preparei durante tanto tempo. Fomos, em jejum, almoçar no Xapuri, na Pampulha.

O Xapuri é a quintessência da mineirice em estado bruto, puro, fumegante e irresistível. tem cara de fazenda, com suas mesas de madeira e a vista pra um grande gramado. É muito grande, rústico e bonito. Por toda parte garçons passando com panelas de ferro quentes e chapas fervilhantes. Um fogão a lenha alimentado por grossas toras e cheio de panelas grandonas com caldos engrossando e coisas maravilhosas ensopando. Uma bela recepção.

Vou direto ao assunto: linguiças chapeadas que vem na mesa abertas transversalmente e acompanhadas de cebola e pimentão, bolinho de mandioca, frango caipira ensopado com legumes e pedaços de milho (experimente o caldo ancestral deste cozido e reveja seu conceito de levanta-defuntos), mexidão (com carne, linguiça, arroz, ovo cozido), xuxu refogado, arroz, angú, feijão, que mais? Era muita coisa e eu comi de tudo com muito gosto. Simplesmente delicioso. Como disse na hora, que pena que não estava nevando e fazendo muito frio, para poder comer mais. Mas o calor era de matar e eu estava quase explodindo quando chegou o incrível pudim de leite e as nunca antes vistas broinhas de milho, para acompanhar o sensacional cafezinho mineiro. Teve gente que ficou com dor nas costelas flutuantes de tanto comer (aquelas costelas que mulheres loucas querem tirar para ter mais cintura).

O Xapuri também tem uma mulher poderosa no comando, Dona Nelsa, que veio até a mesa conferir se estava tudo bem. Soube então que tudo começou com ela cozinhando para familia e amigos que vinham filar uma boia. Até que um dia tinha tanta gente filando a boia que foi virando restaurante e crescendo até se tornar a instituição que é hoje e que eu tive prazer de conhecer em ótima companhia.

Voltei para São Paulo e no tédio do avião fiz um esforço de memória e elaborei uma longa lista mental: a dos pratos que não pedi.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Vive La Fête!

Para mim, mais interessante e gostoso do que qualquer restaurante é aquilo que as pessoas comem em casa. E se a casa é um apartamento charmoso em Paris, estratégicamente localizado na rua da feira e habitado por uma familia de gente agradável, inteligente e aconchegante, melhor ainda.

Tive a sorte de ser convidada para um jantar delicioso, calcado na simplicidade e cheio de sabores sedutores. Começamos com um vinho Margaux (muito bom, comprado na loja Nicolas do Marais), baguete fresquíssima em rodelas e patê de tomate muito especial, adocicado, perfeito.

Conversa vai, conversa vem, surgem da cozinha (nunca vi tanto tempero junto) uma série de panelas lindas, fumegantes. Era um frango caipira ensopado em seu molho, com amêndoas crocantes, acompanhado de arroz branco soltinho e mini vagem.



Comi dois pratos como este e um chorinho.




Olha que mesa mais linda!


Tudo simples, tudo lindo. Da toalha de mesa aos pratos, passando pelos talheres, taças e assuntos. Da música contemporânea ao clima do Japão, descobrindo amigos em comum, coincidências interessantes e muitas risadas.

Então, quando eu começava a me perguntar se tinha comido demais, chega uma dupla maravilhosa! Salada de folhas verdes, fresquinhas, crocantes e um camembert delicioso. Claro que esqueci meus pensamentos anteriores e me entreguei.




Repara nessa faquinha!


Quatro garrafas de vinho mais tarde, chega a tão esperada (por mim) sobremesa. Ela tinha ficado o tempo inteiro numa mesinha ao lado e eu não parava de olhar pra ela e me perguntar o que era exatamente.

Era um brownie feito com nozes do quintal e compota de pêra... também do quintal! Que maravilha! O brownie nada doce (por isso consegui comer 4 pedaços), a compota deliciosa, com gosto de fruta mesmo, doce na medida e combinando perfeitamente com o sensacional bolinho.



Dios mio!


Para terminar, um cafezinho cheiroso, mais algumas risadas e voltar pra casa (pro hotel) no metrô vazio, feliz da vida. Não troco essa experiência por nenhum restaurante parisiensse, e espero um dia poder retribuir tão generosa familia.

Merci!