quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A bom entendedor.




Tudo começou com uma Eisenbahn de trigo, um brie e um queijo melba com roquefort.






Enquanto isso, o funghi seco repousava e se hidratava na água quente.






Até que foi para a panela, sobre alho previamente refogado. Logo depois, vinho branco e redução.







Enquanto isso, a água da massa fervia, misturada à agua da hidratação do funghi.







A mesa já estava posta, fazia sol.






E ele ficou pronto, com salsinha fresca picada, azeite extra virgem e pimenta e parmesão, ralados na hora.







E comemos embaixo desta pitangueira.

Fim.



segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Pragmatismo craniano




Tem coisas que a gente repete uma e outra vez, porque simplesmente funcionam.
Será que isso nos torna eficientes ou acomodados?
Você descobre uma receita infalível (para qualquer coisa) e provavelmente não fica afim de mudar nada. Pra que mudar, se funciona?

Eu acredito em duas possibilidades, a conservadora, de não alterar uma receita se arriscando desnecessariamente e a do improviso, se faltar algum material ou se houver um desejo por ventos de mudança ou novas possibilidades.

Agora tenho forno, depois de 5 anos com um fogão defeituoso. Esteticamente ele era lindo, anos 70, mas a única vez que tentei usar o forno, labaredas assassinas ameaçaram minhas sobrancelhas. Saiu até fumacinha com cheiro de celulose. Lá ficou o fogão, de presente para uma creche espírita. E eu agora tenho um autêntico Dako, que é bom mesmo, a canção não mente. É o mais barato das lojas de eletrodomésticos, não é nada especial, mas funciona.

Aproveitando o enamoramento pelo forno comecei a assar coisas e voltei a um hábito que tinha na Argentina, o de fazer tortas salgadas. Só que lá a gente compra massa folhada pronta "La Salteña" (a mesma marca da massa de empanadas), e nem pensa em fazer a massa em casa, porque a que a gente acha no supermercado funciona. Mas na falta do produto pronto, resolvi botar a mão na massa. Perguntei para a minha amiga conterrânea como fazer e ela me deu a receita de sua mãe, eximia cozinheira.

"Prestá atención, es muy simple, y no falla!"

200g de farinha de trigo, 100g de manteiga. Mistura com as mãos. Vai virar um farelo úmido. 5 colheres de sopa de água gelada (gelada é importante). Sal, e se quiser, alguma erva (coloco alecrim sempre). Amassa, faz uma bola, deixa descansar na geladeira (ou não). Estica (eu uso uma garrafa de vinho argentino vazia), coloca na assadeira, fura com o garfo, assa uns 10-15 minutos, coloca o recheio e assa a torta até o ponto desejado.

Pronto. Muito simples e prático.

Fiz duas, a primeria com recheio meio provençal: abobrinha, beringela, cebola e tomate refogados com queijo cottage e ovo para dar a liga. Ficou boa, mas era pouco recheio, ficou magrinha e um pouquinho ressecada. Não tinha garrafa de vinho vazia, estiquei direto na assadeira, qual massa podre.




Torta provençal.



Na segunda já comecei a improvisar. Faltou manteiga, coloquei azeite, não medi a água, pus no olhômetro e a massa ficou mais fácil de esticar. Matei o resto da garrafa de Malbec e usei para esticar, ficou mais fina, leve e homogênea. Como recheio só alho porró, refogado e misturado com ovo, creme de leite, temperos e parmesão. Delicia total. Comi três dias, não sobrou nem a foto.

Isso confirma minha teoria inicial. Palmas para as coisas que funcionam, elas são ferramentas, estão ai para nos amparar, facilitar a vida, nos dar uma sensação de segurança. Mas se você quer descobrir algo novo, vai ter que se arriscar, e talvez dê tudo errado.

MK, matando a torta.