quinta-feira, 1 de julho de 2010

Café da manhã com amor

Já não me restam dúvidas sobre a diferença que faz na vida, e na cozinha que a vida é, quando as coisas são feitas com amor. Aquela energia criativa que também ganha o nome de capricho, esmero, cuidado, dedicação. No fundo é amor, alegria de estar vivo podendo fazer aquilo.  Pois o tal amor leva para segundo plano a dita sofisticação, elegância, elaboração, complexidade e demais floreios culinários. Nada disso importa, um pãozinho com manteiga com amor acaba com a assepsia de qualquer boulangerie chique.

Durante uns dias sonhados na Chapada dos Veadeiros, provei o café da manhã com amor da Lourdes. Goiana falante de sorriso fácil e mão boa para tudo na cozinha, do bolo de milho cremoso à galinhada, me ofereceu seu amor em forma de:




Pão doce, pão caseiro de cenoura, bolo de milho, pão francês, ovo caipira mexido, frios, fruta, iogurte caseiro, pão de queijo quentinho, granola, mel de laranjeira, tapioca crocante. A cada dia uma pequena e surpreendente alteração, a cada dia um novo suco fresquinho (acerola, goiaba, maracujá). Tudo isso, servido no pequeno terracinho do chalé, no horário em que a intuição sempre acertada da Lourdes acha que vamos querer sair da toca.

Sabe quando você acorda já feliz porque vai ter aquele café da manhã? Acordei assim todo dia, e foi com esa nutrição que fui para as trilhas e cachoeiras do cerrado, sob um sol maravilhoso de inverno, durando os efeitos alimentícios até o sol baixar e a gente terminar o dia como lagartos na pedra comendo um lanche preparado com os restos do farto café.

Nenhuma experiência gastronômica na chapada (nem mesmo os clássicos da Vila de São Jorge, quase sempre comida de buffet servida ao mesmo tempo fria e requentada) se comparou ao café da Lourdes na pousada Toá Rosa, que apartir de julho vai oferecer jantar, também servido no terraço. Vou ter que voltar.


Bolo de Milho da Lourdes muito simples e minhas adaptações*

(Usar a própria lata do milho para as medidas)

1 lata de milho (usei o Bonduelle e da próxima vou usar milho de verdade)
1/2 lata de fuba instantâneo (usei a clássica Milharina)
1/3 de lata de óleo (ela usa soja, eu usei canola)
1 lata de leite
1 lata de açúcar (usei 3/4)
3 ovos caipiras (tem que ser caipiras)
1 colher de sopa de pó Royal
1/2 lata queijo (usei minas padrão ralado, ela usou meia-cura)

Bater tudo no liquidificador e assar numa forma com um pouquinho de óleo até dourar.

*minhas adaptações não adiantaram, o dela estava mais gostoso (mas a receita é infalível).



MK, com saudades do cerrado, 1 de julho de 2010.