sábado, 27 de junho de 2009
Patos da minha vida
Nunca fui assim tão fã de pato. Achava uma carne meio dura, de côr nada atraente. Uma vez quis preparar um magret e quando fui fazer aqueles cortes transversais antes de grelhar, cortei fundo demais e a gordura se abriu pros lados, ficou horrível. Traumas culinários aparte, não sei, nunca apreciei o pato, como aprecio o cordeiro, por exemplo.
Ainda por cima, não ando me identificando muito com a carne em si. Tenho comido pouca carne, e só em ocasiões especiais, como uma iguaria e não como um item do dia-a-dia. Mas noite dessas fui lá no Ici do Benny Novak e arrisquei. E não é que foi um arraso! Meu Deus, que coisa boa! Macio, servido num prato quentinho, muito tenro e molhadinho, com um purê de batatas trufado muito gostoso. Nossa, fiquei fã do pato do Ici. Aliás, não é por acaso que é o melhor restaurante francês de SP segundo a Veja. Segundo eu, também. Tudo é bom, do atendimento à comida, passando por vinhos e sobremesas. E mais: é bem-servido, o ambiente é chique sem ser formal e os preços sempre valem o prato que vem à mesa.
E essa história me lembrou do meu passado ecológicamente incorreto. Quando era criança fui caçar patos nos banhados de Quilmes (um municipio perto de Buenos Aires). De galocha até o joelho, escopeta na mão, eu, meu irmão e o irmão demente do Coco Amado, um músico com quem minha mãe foi casada e que me levava de mão dada numa viagem de duas horas de trem para eu fazer aula de violão com o melhor professor da região.
Mas voltando à caça, a gente ficava andando na lama, e os patinhos (bem selvagens) nadando felizes até que alguém mirava, atirava e corria para pegar antes que afundasse. Do banhado à mesa, onde era servido com molho de laranja pela minha mãe. Meu consolo é saber que como mal conseguia segurar o peso da escopeta, menos ainda consegui acertar o alvo dos bichinhos. E nem mesmo conseguia comer, não por culpa, mas porque não gostava do sabor.
Traumas aparte, o pato do Ici é mais gostoso que o da minha mãe, e da menos trabalho.
Vale a pena experimentar!
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7 comentários:
Pato confitado bem apimentado comi certa vez em um bistro ali perto da PUC... realmente não é algo pra comer assim de qq maneira tem q ser especial... Abs!!! déia
de fato, se tudo mundo ainda tivesse que caçar para comer, provavelmente o consumo mundial de carne seria bem menor!
mas a vida não é assim, e, crueldades à parte, é uma delícia quando quem faz (quase) todo o trabalho sujo pra gente é alguém da cozinha do Ici.
Parte quidem felix nullus utraque fuit.
Felicidade completa não há.
Parte quidem felix nullus utraque fuit.
Sobre esse pato eu e você temos um amigo em comum o Danton e dias atras estavamos a falar de pato com purê de maçã e eis que você surge com o pato de pato em pato saiu algo de observar as nuances e o resultado final segue:
Fico a observar as suas nuances no palco, então vamos ficar "nuançando"(?) as nu-ances, nua antes nos dentes (quentes)sangue quente, pele de serpente nua antes das nuances em nuvens o quereres da tua nuance nua para mim é um deleite! Give It 2 me!
PS: tudo isso é culpa da Madonna!
O pato vinha cantando alegremente, quem, quem, quando o marreco sorridente pediu...
Magret de pato. Tudo de bom.
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