terça-feira, 30 de junho de 2009

Café

Café(zinho)


Uma vez eu sai para jantar e no grupo tinha uma verdadeira expert em café. Ela produz um dos melhores cafés do Brasil. Depois de jantar, naturalmente, pedimos café e sobremesa. Quando chegaram as xícaras fumegantes, esta mulher pegou a dela, cheirou -mas não com aquela pompa habitual de conneseur, mas quase distraidamente- e disse, como se fosse um veredito: "não vou tomar".

A essa altura, eu já estava tomando o meu, e não tinha notado nada de errado. Então ela disse: "está ácido", e entrou em algum detalhe que não lembro se era sobre o grão, a torrefação, a máquina de expresso, a água ou tudo ao mesmo tempo.

Eu sei que o meu próximo gole foi metálico, ácido mesmo. E eu (e todos na mesa) tomava sem perceber. Isso me abriu os olhos para duas coisas: referência e consciência. Referência é saber, no corpo e no intelecto, reconhecer algo já experimentado e suas qualidades. É a construção do critério. Consciência é estar presente aqui, agora, conectado com a sensação, ao comer, beber e viver. Sem esses dois elementos, a gente engole qualquer coisa.

O mais legal foi aprender a sentir a acidez pelo cheiro. Eu já sentia a falta ou excesso de sal na comida pelo cheiro, mas a acidez no café nunca tinha reparado. Até hoje não tenho aquele paladar para avaliar a qualidade do café, e nem o vício real (é mais necessidade), mas fiquei consciente de que muitas vezes a gente toma com gosto um café que não esta bom.

Repara.

7 comentários:

Anônimo disse...

Os 36 aromas possíveis de serem identificados na degustação do café são adaptados da lista de aromas de degustação do vinho. No Oriente se bebe café com vinho, você tem que ser barista e enólogo ao mesmo tempo.

Marcelle Rebelo disse...

Amo café!

Tour Digital disse...

cafe me lembra uma "chefe" que eu tive sempre gritava q o cafe estava fraco pra senhorinha ( mais pra sacanear) enfim um dia me irritei e fui fazer o cafe acho q pus umas 8 ou 10 colheres de sopa pouco mais de 1l de água ficou igual a tinta pra tingir meia fina e era adorou a sua história tem muito a ver café, vicio e nesse caso vingança... A dita parou com isso assim queteve um revertério e ficou entronada durante o resto do dia no escritório!

Abs,

Déia

Anônimo disse...

Nada como tomar um pingado bem ácido na padoca da esquina.

Anônimo disse...

Entre o indonésio Kopi Luwak e o colombiano Juan Valdez, eu também prefiro o pingado da esquina.

Clarice Toledo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Clarice Toledo disse...

minha melhor referência de café é superácida: meu avô me dizia que o café só tava bom pq foi coado na minha meia; depois me pegava no colo e íamos até o pomar pra colher mexeria.
minha consciência atrapalha, mas morro de vontade de tomar café coado em meia.
Quem sabe, um dia.