sábado, 13 de dezembro de 2008

Abobrinhas, sim!

Eu sei que elas são bonitas e gostosas.



Há tempos atrás li um livro da Nina Horta chamado "Não é sopa". O livro tem textos que contam causos, histórias pessoais e também receitas, estas muito boas. Lembro que o que mais gostei no livro foram as receitas de comida brasileira, como feijoada ou galinhada, essas coisas. Mas uma coisa me incomodou, o capítulo onde ela falava que detestava abobrinhas, que as achava um vegetal sem graça e outras calúnias.

E não é que ontem, em sua coluna na Folha de São Paulo ela retoma o ataque a estas minhas queridas? Bom, um ataque sutil, e feito no meio de um texto muito engraçado que questionava os cardápios rebuscados de teor eco-chato (que eu também não suporto). Mas voltei a ficar incomodada. É que as abobrinhas já me deram tanta felicidade! Senti que não podia aceitar essa injustiça de braços cruzados.

Isso tudo me lembrou um programa que assisti, do cozinheiro pop inglês Jamie Oliver em que ele disse detestar alface americana e brincou de ficar atirando nelas com uma escopeta e arrebentando as coitadas no ar. Ele achando o máximo e o cara rústico que cuida da horta do programa um tanto sério. Eu achei meio absurdo, primeiro pelo desperdício, ficar estragando comida assim na brincadeira e depois porque de todas as alfaces, a americana é minha preferida. Adoro a crocância dela, acho que ela refresca qualquer sanduíche, e gosto muito mesmo do seu sabor sutil.

Matei a charada! "Eles" não apreciam a qualidade "aguada" dos dois alimentos. Claro, gosto não se discute. Todo mundo não precisa ser fã de abobrinhas ou alfaces americanas, mas por que usar um meio de comunicação poderoso para denegrir sua imagem? Eu por exemplo não gosto de... Bom, não lembro de nenhum vegetal que eu não goste agora. Mas não sou fã de mexilhão, por exemplo, e nem por isso fico dizendo que eles são um marisco desprezível nem brinco de assassiná-los em público. Tudo bem, se eu dissesse isso seria pros amigos ou neste blog, que pouca gente lê, mas mesmo assim não o faria pelo simples motivo de que posso ver a qualidade mesmo em algo que eu não consumo. E não é que eu detesto também, uma vez comi com molho de vinho branco no restaurante Manacá e foi ótimo (duas ou três unidades, no máximo).

Voltando às abobrinhas. Há dez anos fiquei amiga de um menino italiano chamado Doménico que era bonito e baixinho e fazia circo, que encanou que queria cozinhar pra mim, de tanto que eu falava em comida. Ele disse "vou fazer o melhor spaguetti com zucchini de sua vida". Ele não sabia que também seria o único, mas a verdade é que ficou uma delicia. Nunca vou esquecer. Não sei como ele conseguiu, mas eram lascas de abobrinha marinadas em azeite e rapidamente cozidas no vapor da massa, com cebola e um pouquinho de pimenta calabreza. Queijo ralado na hora, mais azeite e pronto. Maravilhoso.

Também gosto dos famosos "zapallitos rellenos", tão populares na Argentina. Tem que cozinhar o "zapallito" (versão esférica da abobrinha) de leve, tirar toda a polpa e refogar com cebola, carne moida e temperos. Depois volta o recheio para dentro das cascas e assa/gratina com queijo ralado e farinha de rosca. Só de lembrar me dá água na boca. Ou então simplesmente a abobrinha cozida com azeite e sal. Ou como parte integrante do puchero. Ou como parte integrante do ratatouille. Tenho mil motivos para gostar dela.

Abobrinha, eu te amo e vou te defender sempre que puder.



MK, gripada, dezembro de 2008.